quinta-feira, 8 de maio de 2008

ECONOMIA - Endividamento Externo Brasileiro de 1500 a 2008

Nos últimos dias comentou-se do fim da nossa dívida externa, o que não é verdade, pois o que existe é um volume maior de aplicações brasileiras no exterior do que o saldo da dívida.

Sabe-se que a dívida externa começou já no descobrimento, pois Portugal precisava de recursos para construir navios, e a Inglaterra ofereceu libras esterlinas para o desenvolvimento dos estaleiros lusitanos.

De 1580 a 1640, o rei Felipe da Espanha governou Portugal. Depois de muita diplomacia, em 1641 a Inglaterra patrocina a re-independência de Portugal, mediante a criação uma taxa ad valorem 2% nos portos ingleses (produtos ingleses melhor qualidade e mais caros) e 14% no porto português. Como Portugal exportava somente bacalhau, vinho, cortiça, azeitona e óleo e importava produtos manufaturados ingleses, mês a mês a balança comercial ficava negativa para Portugal. O Ouro, diamante e pedras preciosas do Brasil foram então enviados em navios para Portugal, porém, no trajeto muitos eram atacados por corsários e a carga era capturada ou destruída (daí a expressão "Piratas do Caribe").

Em 1703 foi assinado o Tratado de Metwin, de proteção militar em troca de pagamento, entre o império britânico e Portugal, que não tinha poder militar para proteger suas colônias e a navegação das commodities. Durante mais de cem anos (1690 até 1822), todo o ouro brasileiro de Goiás e Minas Gerais, e todo o diamante da cidade mineira de Tijuco Preto (atual Diamantina), foi diretamente para a Inglaterra, capitalizando-a. Em 1804 ocorre a coroação de Napoleão Bonaparte, obrigando a família real portuguesa a desembarcar no Brasil em 1808, trazendo funcionários públicos e reacendendo os ideiais de liberdade.

O Brasil durante a sua independência foi obrigado a assinar tratado de comércio e navegação com a Inglaterra, como conditio sine quae non para obter o apoio inglês.

Portugal, por sua vez, exigiu vultuosa indenização para liberar o Brasil de ser sua colônia. Como o Brasil não tinha os recursos exigidos pela coroa lusitana, a Inglaterra, para não perder a dominação, paga a indenização a Portugal e o Brasil vira devedor em libras esterlinas, agravando a dependência econômica e o endividamento externo.

Em 1824 é promulgada a Constituição Imperial, com destaque para a criação do quarto poder (moderador).

A partir de 1840, no segundo reinado, para tentar reduzir o endividamento externo, D.Pedro II, solicitou empréstimos à Inglaterra para financiar a Guerra do Prata (visando o trigo do Uruguai e o gado da Argentina e Paraguai). Na guerra, que iniciou-se em 1851, aproximadamente 100 mil brasileiros foram mortos, de um exército composto por 200 mil brasileiros em guerra (efetivo semelhante ao atual). Com a vitória brasileira, a Inglaterra vetou a anexação destes territórios, pois era mais interessante reconstruir estes países destruídos. O Brasil venceu a guerra e não levou nada, só aumento de sua dívida.

A insatisfação com o reinado aumentou, culminando na Proclamação da República em 1889. O novo regime brasileiro iniciou-se com a chamada Política do Encilhamento, do ministro da justiça e fazenda, Rui Barbosa (Águia de Haia). Como não havia mercado interno no Brasil, ele queria uma rápida evolução do mercado.

Assim, os bancos poderiam emitir moeda (máquinas de tipografia inglesa vinham de navio). Qualquer contrato social registrado em junta comercial, permitia levantar um empréstimo do valor constante do capital. Infelizmente, a malandragem imperou e nenhuma empresa foi criada, para o desenvolvimento nacional.

Os bancos faliram e incêndios criminosos destruíram os arquivos das Juntas Comerciais. Ocorreu um prejuízo colossal ao Brasil, aumentando o endividamento interno e externo. Rui Barbosa foi acusado de corrupto e responsabilizado pelo maior escândalo da história econômica do mundo, gerando famílias do Rio de Janeiro milionárias, até os dias de hoje. Em 1910, Hermes da Fonseca, venceu Rui Barbosa nas eleições presidenciais.

Em Agosto de 1914, iniciou-se a 1a. Guerra Mundial. Os Estados Unidos, querendo que a guerra durasse muito tempo, vendeu armas para a tríplice aliança e para entente cordiale. Toda sua indústria foi convertida para bélica (v.g. guarda-chuva=fuzil, carro=tanque, baton=cartucho). Pensando que a guerra acabaria em 1925, os Estados Unidos se viram frustrados com seu final em novembro de 1918, pois não levaram em consideração o marxismo russo (março e outubro de 1917) e alemão (1918 duas revoluções marxistas: Rosa de Luxemburgo e abdicação do Kaiser em 7 de novembro, tirando a Alemanha da guerra externa).

Com a Europa exaurida não havia mais necessidade da indústria armamentista. Milhões de desempregados surgiram nos Estados Unidos, pois as indústrias, convertidas para bélica, ficaram paradas. Para não entrar em crise os Estados Unidos resolveram enganar o mundo utilizando a bolsa de valores para fintar os países.

A ação tem 3 valores:
1.NOMINAL (valor de face em dólares)
2.ECONÔMICO (mercado, tecnologia e diretrizes)
3.ESPECULATIVO (valor de bolsa)

Os Estados Unidos, aumentaram artificialmente o terceiro valor (especulativo) e enganaram o mundo, pois todas as suas empresas estavam falidas. O Brasil, de 1920 a 1929, visando maximizar seus lucros, entrou na bolsa americana, com o dinheiro dos cafeicultores de São Paulo.

Em 1929, ocorre o crack da Bolsa de Wall Street e, em uma semana, todas as ações viraram pó. Os Estados Unidos ficaram ricos, reaplicando o dinheiro investido em seu parque industrial, enquanto que o mundo faliu.

Como o Brasil perdeu tudo em 1929, surgiu Getúlio Vargas, com a política anti-cafeeira, queimando todos os cafezais paulistas, transformando São Paulo em uma grande fogueira (o que gerou a revolução constitucionalista de 09 de julho de 1932).

Em 1942, o Brasil assina o Tratado do Rio de Janeiro, saindo da dependência da Inglaterra e entrando na dependência capitalista dos Estados Unidos. O Brasil, perdeu a identidade cultural para a americana (escola, família e alimentação). Várias empresas norte-americanas entram no país.

Em 1955, o coronel médico J.K. assume a presidência e viaja para a Europa. Em plena guerra fria, atemorizada pela URSS, a Alemanha, resolve atender ao convite de J.K, instalando vinte empresas no Brasil. Este parque industrial alemão, gerou um milhão de empregos diretos e espalhou uma rede de concessionárias pelo país.

Em 1961 o Brasil, necessitando de recursos, faz o primeiro empréstimo com o Clube de Paris (Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Japão, Noruega, Reino Unido, Rússia, Suécia e Suíça). Com o fim da guerra fria, a Alemanha perde o interesse no Brasil e passa a investir na Argentina, que quer tomar o posto do Brasil, como potência sul-americana.

Na década de 70 o país aumentou seu endividamente para projetos de infra-estrutura, fazendo o Brasil recorrer ao Fundo Monetário Nacional. Em 1986 o Plano Cruzado, do presidente José Sarney, desequilibrou a balança comercial, culminando na moratória da dívida externa em 1987. Em 1994 foi assinado nos Estados Unidos o Plano Brady, trocando a dívida externa por bônus para pagamento futuro. O governo Fernando Henrique, neoliberal tecnológico globalizante, privatizou muitas empresas estatais que geravam receitas para o país. Sem as empresas estatais, o Brasil precisou urgentemente de uma reforma tributária para proporcionar recursos para sua burocracia estatal, além de financiar o déficit público. Em 1998 com a crise asiática e 2002 na transição política, o Brasil solicitou novos empréstimos ao FMI. Em 2005 o Brasil trocou os bônus por títulos vencíveis em 2040, quitando a dívida com o FMI e, em 2006, com o Clube de Paris. Em 2008 as reservas internacionais do Brasil superaram pela primeira vez, o valor da dívida externa cujo valor aproximado é 200 bilhões de dólares. Portugal, por sua vez, possui uma dívida externa de 310 bilhões de dólares.

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