domingo, 10 de agosto de 2008

O que é... benchmark?

Se você sabe, coloque um termômetro debaixo da axila e sente-se em um banco qualquer. Pronto: você acaba de se tornar um expert no assunto

Por Max Gehringer

Os jornais de todos os dias têm umas seções que vêm aparecendo em suas páginas há 100 anos, mas nem mesmo os leitores mais fanáticos percebem que elas existem. Uma delas é um quadrinho chamado "Tábua das Marés", que normalmente fica jogado num canto, ao lado da "Previsão do Tempo". E lá aparece: "Baixa: 2h23m/ 0,3m - Alta: 6h41m/0,8m". Para que mesmo serve isso? Sei lá. Mas, na próxima vez em que você for à praia, procure uma régua de madeira, cheia de pequenas divisões, enterrada na areia na posição vertical. Se você encontrá-la, olhe longamente para ela. Não apenas porque ela é o instrumento de leitura para o quadrinho que sai no jornal, mas principalmente porque ela é "o" autêntico bench mark. O legítimo e original, que deu origem à palavra hoje usada nas empresas.

Bench Mark é o nome com que a ciência batizou qualquer instrumento fixo, que permite comparar um novo registro ("mark", uma marca) a um padrão preestabelecido, a partir de um ponto de observação ("bench", o banco onde os antigos exploradores ficavam sentados observando o fato acontecer). Um termômetro, por exemplo, é um bench mark: colocado numa posição fixa (sob a axila, vulgarmente conhecida como sovaco), ele mede a temperatura do corpo e permite sua comparação com uma faixa normal, entre 36 e 37 graus. E, se você fizer isso sentado em um banco, aí já pode dizer que entende quase tudo de bench mark.

O espaço de tempo ocorrido entre a adoção da palavra pelas empresas e sua deturpação foi quase instantâneo: ao invés do sentido de faixa padrão, que sempre teve através dos séculos, bench mark passou a ser modelo. Em muitos casos, o modelo para o melhor resultado possível: uma empresa de distribuição que começa a trabalhar para tentar superar todos os índices de eficiência de seu melhor concorrente chama isso de bench mark. Historicamente, porém, bench mark seriam os extremos que separam as duas empresas do setor de distribuição com o pior e o melhor desempenho num determinado item (por exemplo, o consumo de diesel por quilômetro rodado). Em outros casos, a escolha é aleatória: vamos dizer que uma empresa resolva implantar um novo programa de benefícios para seus funcionários. Ela irá pesquisar no mercado quem dá o que, e provavelmente escolherá uma das empresas pesquisadas para ser seu bench mark, isto é, o modelo que ela vai copiar.

Mas essa coisa de bench mark tem algo a ver com a sua vida profissional? Claro. Se sua empresa usa, por que você não usaria? Ele seria muito útil na definição dos parâmetros mais importantes em sua carreira. Por exemplo, qual o seu bench mark salarial para daqui a 12 meses? Basta estabelecer um ponto salarial máximo (isto é, onde você chegará se todos os ventos soprarem a favor) e um mínimo, que o deixará pelo menos satisfeito (de preferência, claro, maior do que seu salário atual). Aí, é começar a se mexer para que as coisas aconteçam e ir acompanhando a evolução. Se daqui a um ano, apesar de todos os seus esforços, você não tiver sequer atingido esse mínimo, isso significa que: 1. Sua medida está descalibrada em relação à realidade; ou 2. A maré anda mesmo baixa demais; ou então 3. Talvez seja hora de instalar o seu banquinho em outra praia...

Fonte: Revista Você S/A -Janeiro/2001

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